Há muitos, muitos anos, só existiam no mundo dois impérios: o do Oriente e o do Ocidente, e eram separados um do outro por uma muralha tão alta que ninguém seria capaz de transpô-la.
No Império do Ocidente reinava um Imperador muito poderoso, mais poderoso do que todos os atuais reis e imperadores juntos, pois tinha como súditos a metade dos habitantes da terra, ou seja, os brancos e os pretos, porque os amarelos, morenos e vermelhos viviam no Oriente.
Este soberano, então, quis escolher uma imperatriz para sua companheira, e mandou chamar à sua presença todas as moças do país, para dentre elas eleger a sua esposa; mas nenhuma foi considerada bonita e distinta para merecer a mão do Imperador.
Nisto, seu mordomo-mor, que conhecia muito bem todos os arredores, o informou de que numa das altas montanhas circunvizinhas vivia a soberana do Império dos Espíritos, num palácio feito de nuvens cor-de-rosa, e que tinha uma filha ruiva, de um ruivo claro como a luz do sol, delicada e , sutil como uma teia de aranha e fina como a seda.