Sobre este livro:
Rita Baiana é um dos personagens mais notáveis da literatura brasileira. Filha do realismo naturalista, é escrita com uma riqueza de detalhes visuais e sensoriais incríveis. Forte, apaixonada, apaixonante, e politicamente incorreta, é absolutamente impossível não adorá-la. Sedutora e consciente de seus encantos, é maliciosa e faminta de vida, um diabo de saias. Tem uma mão muito boa. É sem dúvida, a alma de O Cortiço, de Aluízio de Azevedo, embora não seja a protagonista. Ela não aparece desde o começo e nem está presente no fim, mas rouba a cena em sua aparição fulminante. Escrita em 1890, é uma mulher a frente de seu tempo. Ama a quem lhe aprouver, da forma que melhor lhe parecer. É deliciosamente livre e despida de amarras e preconceitos, é como a maioria de nós queria ser. É mulata decidida e generosa que enfrenta a vida de peito aberto, disposta a sofrer e gozar com a mesma intensidade. Fiel aos seus gostos e às suas paixões, a elas se entrega por inteiro. Rita Baiana, representação da sensualidade brasileira, mulata, alegre, pouco disposta a ter um relacionamento amoroso estável, é também um exemplo da subordinação do brasileiro ao estrangeiro. Ainda que tenha sido a grande responsável pela transformação de Jerônimo, ela também acaba sendo dominada por ele. Não podemos esquecer que, logo que percebe o interesse de Jerônimo, Rita abandona o mulato Firmo e seduz o português. É claro que a baiana enxerga no português uma possibilidade de prosperar que não existia ao lado do antigo companheiro, que tinha a mesma condição que ela.